PAI DE SANTO NÃO É DE FERRO

Na jornada da espiritualidade, muitos olham para o sacerdote como um pilar inabalável, uma fortaleza que nunca vacila. Mas a verdade é que, por trás do branco da roupa ou dos fios de conta, existe um ser humano. Um ser humano que sente, que se cansa, que carrega nos ombros não apenas suas próprias dores, mas também as dores daqueles que nele buscam acolhimento e orientação.

Muitas vezes, o pai santo é aquele que escuta sem ser ouvido, que cuida sem ser cuidado, que fortalece sem ter tempo para se fortalecer. Mas até a chama mais intensa precisa de combustível, até a árvore mais frondosa precisa de água, até o guia mais sábio precisa de um momento para respirar.

Pai santo não é de ferro. Ele se doa, mas também precisa receber. Ele orienta, mas também precisa de silêncio para ouvir seus próprios caminhos. Ele fortalece, mas também tem direito ao cansaço. E, acima de tudo, pai santo tem que aprender a falar não. Não para aquilo que suga suas forças, não para quem se aproxima apenas para exigir, não para aquilo que o afasta de seu próprio equilíbrio.

A verdadeira força não está em nunca se abalar, mas sim em saber quando é hora de parar, de recarregar as energias e, então, seguir adiante. Que haja sempre respeito, carinho e compreensão com aqueles que dedicam sua vida a cuidar dos outros. E que os sacerdotes, os pais e mães de santo, os líderes espirituais, também se permitam o descanso, pois só com o corpo e o espírito equilibrados podem continuar sua missão com amor e sabedoria.

Texto: Flávio Santana