RESPEITE O PROCESSO

O processo de iniciação na Umbanda, na teoria, parece simples, mas, na prática, revela-se um desafio para muitos. Há um grande encanto em ser médium, vestir as guias e incorporar suas entidades. Sentir essa energia e vivenciar os gestos de cada entidade é realmente algo lindo. No entanto, muitos esquecem o que vem antes: que tudo tem seu tempo e que há um processo a ser respeitado. Alguns não reconhecem a importância da hierarquia da casa, ignorando os médiuns mais antigos, os pais e mães pequenos, e, infelizmente, até o próprio Pai de Santo.

O desejo de incorporar muitas vezes sobrepõe a necessidade de realizar tarefas básicas, como limpar o chão onde suas entidades irão trabalhar ou organizar o terreiro onde irão se manifestar. Quando é hora de ajudar, surgem várias desculpas. No entanto, é fundamental respeitar o processo, as entidades e o chão que você pisa — porque antes de você, os mais velhos já trilharam esse caminho.

É triste perceber que, hoje, muitos médiuns, especialmente os mais jovens (não todos, mas uma parte significativa), seguem a lógica do "só vem a nós", sem o compromisso de contribuir com a coletividade. Como sacerdotes de Umbanda, temos a missão de ensinar corretamente aqueles que chegam às nossas casas. E, do fundo do meu coração, desejo que a Umbanda nunca se perca, que não se transforme em uma simples mitologia. Nossos ancestrais lutaram muito para que, hoje, pudéssemos louvar nossas entidades, e espero que essa luta nunca tenha sido em vão.

Que cada um honre essa herança sagrada com respeito e dedicação!

Texto: Flávio Santana